Passaram-se mais de três anos desde o último texto. Um hiato que acomoda incontáveis histórias, sentimentos, perdas e conquistas. Tanta coisa mudou desde então, que não saberia nem por onde começar, não fosse um estalo no meio de um filme que via há pouco - um dos tantos que tenho visto desde que uma pandemia obriga a mim e a tantas outras pessoas a trancafiarem-se em casa.
Não sabemos quando isso vai passar, e nem como é que vai passar. As últimas seis (ou á são sete?) semanas nos empurram um carrossel de emoções goela abaixo, e nos obrigam a entrar em contato forçado com o mais íntimo que há em nós. E a pergunta que martela é: e depois de tudo isso?
Você vai conseguir admitir que muitas vezes seu sorriso riu, mas seus olhos o desmentiram?
O que fará com aquelas fotos velhas, em que você já não se reconhece mais?
Quando você olha no espelho, você gosta do que você vê refletido?
Depois de tudo isso, quando notar que Photohop não apaga o passado, você ainda se lembrará de quem era no começo de março ou será capaz de entender o que te levou a fazer o que fez um ano antes? Aliás, quem era você antes de tudo isso?
Depois de tantas semanas de imersão consigo, talvez seja preciso dar o braço a torcer e perceber que nem sempre o tempo te traz sua melhor versão. Você se torna o que foi possível ser. Não se esqueça de que ninguém deita no travesseiro o peso da sua cabeça e da sua consciência.
Será preciso ter fé para (voltar a) acreditar.
Será preciso ter coragem para admitir que não há mais o que admitir
Será preciso manter o fôlego quando aquele aperto no peito surgir sem pedir licença, te lembrando que você é humano, que falha e que tudo bem chorar
Será preciso seguir, mesmo que você não saiba para onde
Depois de tudo isso, tudo isso será só o começo.