terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Nós

Só quem já tentou dar nó em gravata entenderá o que vou escrever: às vezes você passa horas pensando no que usar, como compor o traje, passa ali, dobra pra cá, transpassa para esquerda, para a direita, e no fim das contas, mesmo estando ciente de que aquela gravata é a melhor para a ocasião, o nó sai malfeito. Acho que assim também acontece com as pessoas - e estou falando de relacionamentos.


A escolha do "modelo" ideal é algo inerente ao ser humano. Quem nunca perdeu tempo imaginando os predicados que busca em outra pessoa? Pode ser mais tradicional, pode ser slim, ter algumas estampas (tatuagens) ou ser um modelo mais liso. Mas no fundo, no fundo, todo mundo gosta de idealizar o que quer para si, para compor da melhor forma possível.



O desafio é encontrar a gravata certa e conseguir dar nela o nó ideal. Nem sempre o modelo pretendido é o que vai bem com o resto da roupa - e estou falando, aqui, da roupa de fora, a tal da aparência, e da roupa da alma, que tantas vezes muda de modelo, cor e textura ao longo de um único dia. Pessoas, assim como são as gravatas, têm que dialogar com o todo; talvez não deva ser discreta demais nem extravagante ao ponto de ofuscar o resto.



Às vezes a gente erra: escolhe com pressa, se empolga com a primeira prova e leva para casa algo que depois não cai tão bem. Também é comum errar na hora de dar o bendito nó - essencial e precioso para a composição. Pessoas (e gravatas) têm que ter a altura certa, o caimento ideal e de maneira nenhuma podem sufocar quem as escolheu. 



O tal do "triângulo" que fica abaixo do pomo-de-Adão é um troço difícil de ser moldado... tem que caber no colarinho, deslizar com perfeição e ficar suficientemente firme para aguentar os movimentos do dia a dia. Qualquer semelhança entre isso e uma companhia não é mera coincidência.



Dar um nó de gravata é tão complexo quanto encontrar uma pessoa que orne ao seu lado. É difícil acertar de primeira. O segredo (acho) é não desistir. Deu errado? Desfaz tudo e começa de novo. Um dia dá certo.

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