domingo, 20 de maio de 2012

Um eterno "E"

Numa rápida olhada aqui no "Fachettoides", percebi que por algumas vezes escrevi sobre a complementação de sentimentos: Tempo, pessoas e lembrançasCasas, pessoas e nossos cômodos, Mentiras & Renúncias, Dúvidas, exclamações e reticências, por exemplo. Agora há pouco, vi no Twitter uma postagem da jornalista e cronista Ana Laura Nahas sobre "Moacir Scliar e o sentido da vida". Texto leve, simples, direto, sobre essa busca que cada um de nós tem por respostas.

Conta Ana Laura que o escritor gaúcho pretendia, em vida, entender o que dá sentido à existência. Já me peguei diversas vezes com a mesma questão e devo ter falado disso uma dezena de vezes por aqui. Mas não é esse meu mote por agora. É dissecar justamente esse "e" que sempre colocamos no dia a dia. 

Sempre queremos entender "dúvidas e exclamações", "mentiras e renúncias", o certo e o errado, o bom e o mau. É um eterno mais, mais, mais, como se não bastasse uma única resposta. Aliás, na faculdade, fui ensinado a sempre deixar o silêncio do entrevistado constrangê-lo de alguma forma. "- Quando o entrevistado se calar, no meio de uma pergunta embaraçosa, fixe-o como se esperasse o 'e'", disse-me uma professora. Mal sabia ela que eu, desde que me entendo por gente, persigo o desconhecido.

Busco respostas (dos entrevistados e minhas) que me levem além. E (olha o "e" aí!) acho que essa mania não é só minha, visto que tenho vários conhecidos que estão sempre atrás daquilo que ainda não chegou ou não se expôs. A quinta letra do alfabeto, essa conjunção aditiva, surge intempestivamente para unir orações, palavras, para inibir pontos finais. Aliás, existe medo maior que o tal ponto final definitivo??

A religião ensina que a fé nos move. A terapia orienta que o autoconhecimento alavanca. O jornalismo disciplina a busca pelo inusitado. No fim das contas, seja por que via for, sempre estamos atrás do que não temos, de modo que o que já está conosco precisa ser complementado. Amor só é amor com fidelidade e proximidade e lealdade e confiança. Sucesso só é sucesso com estabilidade e prazer e crescimento e reconhecimento e dinheiro. 

Acho que estamos condenados, desde o nascimento, a ir atrás daquilo que não temos. Quando conseguimos (um relacionamento, um emprego, uma roupa ou carro novo), logo partimos para outro desejo e outro foco e um detalhe que seja. A vida é um eterno acrescer... para crescer.

Um comentário:

  1. O trabalho tá pegando, né?

    Um mês sem escrever (escrever aqui, claro) é bastante tempo.

    Abração, Eduardo.

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