segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Por que trabalho tanto?

Por que eu trabalho tanto? A pergunta tem sido feita, com frequência, pelos meus amigos. Não há tempo para uma saída no fim da tarde, nada de cinema. Falta tempo para aquela ida ao shopping no meio do dia. Um chopp no fim do expediente? Nunca me animo, sempre com alguma dor de cabeça ou cansaço que me obriga a ir para casa vestir o velho pijama.

Chegou uma hora que comecei a me questionar, também. Por que eu trabalho tanto? Vale a pena deixar minha juventude (já nem tão jovem) passar em frente à tela do computador? Vale a pena deixar de ser o Eduardo para ser só Fachetti, quase 24 horas por dia, às vezes me confundindo até ao atender o meu celular dizendo "Redação"? Muitas perguntas, poucas respostas.

Comecei a trabalhar há cerca de sete anos. Um estágio emendou no outro, veio a contratação e, não reclamo, sempre fui movido pela paixão. Eu busquei esse caminho. Pelo impulso de buscar o novo, de conseguir uma informação exclusiva, pelo desafio de me ouvir e ler com orgulho daquilo que estou transmitindo. Hoje estou me questionando, mas amanhã farei tudo de novo. E depois, e depois. Mas isso significou abrir mão de tantas outras coisas...

Quase não paro em casa. Me dói perceber que minha vovó Santa, que é tudo pra mim, tem cada dia um dia a menos para estar comigo. Um dia a mais de trabalho em horário quase integral significa um dia a menos ao lado dela e de todo o amor que ela me dedica. O coração virou "plano B" na vida e tudo de sucesso que consegui nas letras se converteu em fracasso nas tentativas de dividir os dias com alguém - afinal, quem vai querer dividir um dia que se resume a apurações e cansaço?

Já não sei as músicas da moda, não me jogo na pista de dança, não coloco nas redes sociais o que penso, sem questionar antes duas ou três vezes "o que vão achar disso?". Não fiz a pós-graduação que planejei fazer há anos, não conheci metade das cidades que queria, não me permiti viver as aventuras amorosas que poderia ter vivido - "tenha foco, tenha foco", sempre me cobrei. Ah, a profissão não me mostrou os vulcões e as fantasias que existem ao redor do mundo, como eu imaginei que pudesse ser.

Então, porque eu trabalho tanto? Ah... porque enquanto trabalho, não me faço tantas perguntas.

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