domingo, 12 de junho de 2016

Torto, torto, reto, reto

Minhas escolhas nunca foram retilíneas. Fato. E é preciso deixar isso logo claro, desde a primeira linha, para que ninguém depois venha dizer que não foi avisado do carrossel em que estava se metendo. Antes do ponto final, passo e "despasso" por curvas, buracos, rotatórias e todo tipo de viela que há. Algumas sinuosas surgem do meu próprio pensamento. Mas dificilmente opto pelo caminho mais curto. 

Nas muitas vezes em que ponho a cabeça no travesseiro para pensar sobre o dia vivido, se fazem presentes as divisões que trago em mim antes de respostas fundamentais. Entre o A e o C, olho para o B com certa dó: por que não isso? Entre A e B, o abandono do C, por vezes, me consome. Quem vê de fora não imagina nada disso.

Se a vida fosse um sistema binário, só com uma mão de ida e outra de volta, talvez as situações fossem menos complexas. Talvez eu parasse no meio do caminho para olhar o que há do outro lado da avenida. De um modo muito próprio, tenho percebido que nada é só o que parece ser. Não há quem seja puramente ruim, nem quem mereça ser considerado totalmente bom. Essas pequenas frações de sujeitos, com todos os seus verbos e predicados, tornam tudo mais interessante (e perturbador).

Como desgostar, de um dia para o outro, de quem até outro dia era seu ombro mais buscado para o aconchego? Como, de repente, desligar o botão das emoções e ver como invisível (?!) alguém que há tão poucos dias era seu ar? Em outro capítulo desse livro, também não encontro respostas para o súbito desejo de zerar o jogo, de retomar histórias que foram deixadas de lado, com páginas jamais folheadas. Livros velhos são mesmo capazes de guardar histórias novas, é a minha aposta.

Em busca de respostas que entrevistado nenhum me dará, continuo meus passos em falso, seguindo coordenadas que os impulsos ditam. Torto, torto, reto, reto... onde vai dar isso? Não sei. Mas no caminho vou observando as flores, as dores, os gestos, e como eu mesmo vou me adaptando a esse vendaval.


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