domingo, 1 de maio de 2011

½ xícara de ponderação

Como um doce caseiro, daqueles que necessitam de horas ao fogo brando para chegar ao ponto certo e ser posto à mesa, também é necessário encontrar o "ponto" das nossas palavras e do que nos cerca. A vida precisa, ademais, de açúcar. Do contrário, pode se tornar amarga, salgada ou - ainda pior - sem gosto.

Às vezes olho ao redor e vejo como as pessoas pecam por excessos. Ora por açúcar demais, tendo uma visão melosa, melancólica, romântica demais de fatos que carecem objetividade; ora por salgar demais as palavras e os significados que poderiam ser saboreados com mais delicadeza. Gente que, não importa o tom, sempre vê na contestação uma afronta e, no silêncio, uma omissão.

E, meu povo, isso é tão normal! Todos nós temos nossos dias de cozinheiros inexperientes, dosando de forma equivocada os temperos do dia a dia. Independe da idade, da riqueza, da posição. Fato é que sempre há aquela quinta-feira mais cinzenta em que os bom-dias não soam verdadeiros e a chuva, ao invés de ser um bálsamo para o calor escaldante, será vista como inimiga da escova progressiva. Que fazer nessas horas?

Se a vida fosse uma grande Cozinha Maravilhosa da Ofélia, teríamos por perto um medidor para cada gesto. Seria fácil recomendar uma xícara de sorriso, duas colheres de bom humor, cinco pitadas de autoconfiança, 250g de sinceridade, dois tabletes de boa vontade, um quilo de bons relacionamentos. Tudo isso com essência de honestidade (ou de sensatez, a gosto).

Mas, não sendo a vida um livro vendido em bancas de revista, que tal apurarmos o paladar? Não sou bom de cozinha, mas penso que no excesso de açúcar ou sal, para tudo é bom acrescentar água. Por água, entendam doses desmedidas de autocrítica, de profunda avaliação pessoal sobre si. Talvez seja necessário mexer mais, apurar melhor o ponto. Mas vale mais a pena que por na mesa um prato que possa ser rejeitado pelos convidados!

E bom apetite.

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