Tenho pena de Deus. É, é isso mesmo. Me peguei pensando, há uns dias, em quantas vezes o desafiei a atender meus pedidos na hora em que eu queria. Perdi os cálculos. Desde pequeno, tive um pezinho na chantagem emocional, mesmo que fosse com o Todo-Poderoso. Então, do alto da minha pequenez, dizia: "- Se você existe mesmo, então me prova e me dá isso". Às vezes funcionava.
É, funcionava, e eu ria à toa quando alcançava meus pedidos autoritários, como se meu canal direto com Deus fosse algo como uma "linha vermelha", sem sinal de ocupado. Os pedidos variavam de "- Quero ganhar uma mochila nova" a "- Fala fulano sumir do meu caminho!". Ah, outro detalhe: a convivência em comunidade era um desafio para mim, até a adolescência.
Criado como um reizinho mandão, em que a casa girava ao meu redor e todos os pedidos eram satisfeitos pela família, acostumei-me às mordomias. Se queria um brinquedo novo, era só pedir. Nos inúmeros exames de sangue que fiz, a condição para aceitar as agulhadas era ganhar algo em troca. Certa vez, vovó pagou-me R$ 50 para que eu fosse ao laboratório. Tá, ela que usou para comprar algo, mas, lá no fundo, o ego falava mais alto. "- Consegui!".
De uns tempos para cá, parei de apostar com Deus. Perdeu o sentido a minha impáfia, de modo que, este ano, decidi que seria meu o que eu merecesse. Então, "- Se Deus quiser...", a vida caminha. E não é que tem caminhado? Mudei de emprego, tenho aprendido muito, financiei o apartamento para o meu irmão, ganhei um (sonhado) prêmio, tenho minha avó com saúde ao meu lado, fiz novos amigos... e nem chantageei os céus!
Dizem por aí que Ele escreve certo por linhas tortas. De certo modo, de escrever eu entendo (cof cof cof), mas às vezes custa-me entender a caligrafia divina. Pobre Deus, deve escrever tão rápido, que a letra sai pior que receita médica. E enquanto eu, pequeno, perco meu tempo indagando a veracidade das escrituras, Ele escreve depressa e enfrenta a tendinite (deve ter, né?!) para dar-me próximas linhas.
Espero que tarde meu ponto final.
É, funcionava, e eu ria à toa quando alcançava meus pedidos autoritários, como se meu canal direto com Deus fosse algo como uma "linha vermelha", sem sinal de ocupado. Os pedidos variavam de "- Quero ganhar uma mochila nova" a "- Fala fulano sumir do meu caminho!". Ah, outro detalhe: a convivência em comunidade era um desafio para mim, até a adolescência.
Criado como um reizinho mandão, em que a casa girava ao meu redor e todos os pedidos eram satisfeitos pela família, acostumei-me às mordomias. Se queria um brinquedo novo, era só pedir. Nos inúmeros exames de sangue que fiz, a condição para aceitar as agulhadas era ganhar algo em troca. Certa vez, vovó pagou-me R$ 50 para que eu fosse ao laboratório. Tá, ela que usou para comprar algo, mas, lá no fundo, o ego falava mais alto. "- Consegui!".
De uns tempos para cá, parei de apostar com Deus. Perdeu o sentido a minha impáfia, de modo que, este ano, decidi que seria meu o que eu merecesse. Então, "- Se Deus quiser...", a vida caminha. E não é que tem caminhado? Mudei de emprego, tenho aprendido muito, financiei o apartamento para o meu irmão, ganhei um (sonhado) prêmio, tenho minha avó com saúde ao meu lado, fiz novos amigos... e nem chantageei os céus!
Dizem por aí que Ele escreve certo por linhas tortas. De certo modo, de escrever eu entendo (cof cof cof), mas às vezes custa-me entender a caligrafia divina. Pobre Deus, deve escrever tão rápido, que a letra sai pior que receita médica. E enquanto eu, pequeno, perco meu tempo indagando a veracidade das escrituras, Ele escreve depressa e enfrenta a tendinite (deve ter, né?!) para dar-me próximas linhas.
Espero que tarde meu ponto final.
Belíssimo!
ResponderExcluirAMO ler vc! Aliás, AMO VC TODINHO! :-)
ResponderExcluirMuito bonito!
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