
Foram dez anos na cidade. Foi em Colatina que dei meu primeiro beijo, que engordei na adolescência, que fiz muitos gols contra nas aulas de Educação Física (futebol nunca foi meu forte!), criei amizades infinitas e inimizades que até hoje me fazem arrepiar. Coisas e implicâncias que surgem na infância e que nos acompanham para sempre...
Foram incontáveis os domingos na casa da minha Dindinha Dica. Não havia alegria maior do que sentar no tapete vermelho que ficava na sala, após os almoços, e escolher uma "vítima". Falávamos de tudo e de todos. Principalmente de todos. Aliás, posso dizer que "falávamos" mesmo, porque apesar de criança, eu sempre bisbilhotei as conversas dos adultos. Enquanto isso, os primos aproveitavam a piscina e o quintal.

Larissa era a "ídola". Enquanto eu era criança e ela adolescente, a lembrança mais saborosa que me vem à mente é a dos "Xous da Xuxa" que aconteciam no Natal. Larissa, óbvio, era a Xuxa. As outras primas - Bia, Polly, Nanda, Beta, Dani - eram paquitas. E nós, as crianças, participávamos das brincadeiras.
Na adolescência, estudei no Cefetes (hoje Ifes). Ali aprendi a ser gente. Apesar de já ter decidido fazer jornalismo, era obrigado a estudar Matemática, Química e Física. O-DI-A-VA essas matérias e nunca vi sentido em aprender trigonometria, roldanas, catetos, ácidos e acetatos. Que diferença isso faz na vida, gente????
Em Colatina cresci espiritualmente. Cheguei a ser coordenador de liturgia do Encontro de Adolescentes com Cristo (EAC) da Catedral. Perguntem-me quantas vezes fui à missa em 2011? Apenas uma. Ontem, aliás, véspera de Natal - na mesma igreja que, em 1998, fiz minha primeira comunhão.
Mudei-me de Colatina em 2005, para fazer faculdade em Vitória. Cabeça de adolescente recém-saído da fase das rebeldias, disse para mim mesmo: "- Chega desse lugar!". Prometi a mim mesmo que não voltaria à cidade, que merecia algo maior, mais evoluído. Acabei em Vitória, vejam só que ironia do destino...
Já são quase sete anos fora de Colatina. O que mudou em mim, não sei definir. Mas todas as vezes que venho aqui, me sinto em casa. Admiro a mesma praça municipal da qual tantas vezes desdenhei. Gosto de passar pelas ruas Expedicionário Abílio dos Santos e Cassiano Castelo, que continuam apinhadas de lojas, estreitas e com trânsito caótico. A ponte continua a mesma, as cheias do Rio Doce continuam assustando a população ribeirinha.

Nasci em Belém (PA), mas devo admitir: se me perguntam de onde sou, falo sem pestanejar: sou de Colatina. E tenho o maior orgulho dessa cidade onde nada muda, onde o calor reina, e onde me sinto feliz por poder caminhar de olhos fechados, tenho a certeza de que não me perderei.
Belo e sensível texto, amigo. Abs, Leonel
ResponderExcluirE será sempre bem-vindo ao Solar dos Horta!!! :)
ResponderExcluirColatina não seria a mesma sem o calor!!! Amo nossa cidade e claro, sou urbana pra caramba, mas tenho os pés fincados nessa terra, daquí saio para fazer ótimas viagens, mas qdo vejo o Rio Doce é que me sinto em casa. Primo querido, adoro qdo vejo pessoas como vc q valorizam a nossa cidade e tem apreço pelo q há aquí. Venha sempre, as portas estão abertas!
ResponderExcluirTb amo Colatina e foi aí que vi muitas dessas coisas acontecerem com vc, e estive presente em algumas delas. E é realmente assim, saímos de Colatina mas ela continua sendo nossa casa. Parabens. Bjs
ResponderExcluirNão tem o glamour de Paris, mas tem o calor de Dubai.... huahuauha
ResponderExcluir