domingo, 1 de março de 2015

Fim de férias


Desde que o mundo é mundo, férias é sinônimo de traquinagem. Em tempos de escola, é quando a gente pode brincar na rua todos os dias, jogar videogame, dormir até tarde, ver "Sessão da Tarde" sem culpa. Quando chega a época da faculdade, pode ser que as férias virem oportunidade de ficar com a família (para os que estudam longe), ou simplesmente um período com um pouco mais de tempo livre para curtir o horário de verão ou pegar uma sessão de cinema no meio da semana. Seja em que época for, férias são férias. Tudo (ou quase tudo) vale.

Se eu estivesse escrevendo isso há uns 20 anos, começaria assim: "Querida professora, nas minhas férias...", e a partir desse prólogo contaria das brincadeiras, dos telefonemas para os coleguinhas e dos reencontros com primos, invariavelmente na casa da minha Dindinha Dica, em Colatina. Ah, saudade daquela piscina da Rua Fortunato Piccin. Muitas memórias com cheiro de cloro vêm de lá.

Contudo, estamos em 2015, minhas férias já não são de estudante, tampouco de universitário, e nenhuma professora terá que me dar nota pelo que escrevo aqui (ufa!). Nesse meu período de descanso houve, sim, tempo de rever a família e curtir um pouquinho o calor da cidade onde não nasci, mas que adoro. Mas tendo sido 2014 um ano bastante puxado - e põe puxado nisso! -, fiz de fevereiro um mês de ócio. Meus únicos compromissos foram os cuidados com Vovó Santa, sempre tão presente, e a bendita reeducação alimentar, que finalmente levei a sério.

Fiz de tudo um pouco. Fui à praia, caminhei, corri, mergulhei, viajei, dancei, bebi, ri (de mim e dos outros), dormi. Como manda o figurino, me despi das formalidades do dia a dia e até relógio de pulso evitei. Ok, ok, o celular continua sempre à mão, mas vamos deixar isso pra lá... que coisa chata é quando a gente sai para descansar e não desliga da tomada, não é?! Desta vez fiz um pouco diferente; me desobriguei de leituras que já faço nos 11 meses restantes do ano e, na medida do possível, não segui programação alguma.

E, como eu disse um pouco acima, férias é sinônimo de traquinagem. Não... não apertei a campainha de ninguém para em seguida sair correndo. Mas foi bom evitar a rotina; conhecer novos lugares, novos sabores, temperaturas, sotaques. Agir por pura vontade, sem ficar medindo as coisas tintim-por-tintim. Tomar chuva, ver filme até tarde, dormir até quase meio-dia, conhecer gente nova, dividir afeto com as pessoas, não pentear o cabelo, andar de chinelo e bermuda surrada por aí. Tudo isso constou na minha listinha de férias. Ah, essa tal de liberdade tem um sabor muito gostoso!

Um colega do trabalho, o Leonel, costuma dizer, meio em tom de brincadeira, que "o pior dia das férias sempre será melhor que o melhor dia de trabalho". Em parte, faz sentido, mas há aí algum exagero. Porque, confesso, também acho gostosa essa apreensão da volta. De ter ficado longe e, de repente, me ver de novo no olho do furacão. Adiciono uma observação: adoro as pessoas das quais me cerco no trabalho, o que torna a vida bem mais interessante.

As férias valeram muito a pena (e algumas coisas que vivi nelas hão de ganhar extensões em breve), mas voltar à rotina também tem seu lado emocionante. Rola um frio na barriga. Isso porque, queira ou não queira, a gente nunca volta igual depois de tantas doses de felicidade. Vamos à luta!


2 comentários:

  1. Que texto gostoso de ler, amigo! Adorei! Feliz que tenha aproveitado as Férias. Você merece! E sim, vamos à luta sempre. E não esqueça: quero te visitar em breve! :)

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