
Em setembro de 2006, pisei pela primeira vez no Centro de Convenções de Vitória. Pela "TV Estácio", que na verdade nunca saiu do papel, fui cobrir o 12º Prêmio Capixaba de Jornalismo. Eu, de camisa social, cabelo cuidadosamente penteado, pernas trêmulas e perguntas decoradas. Queria falar com os vencedores daquela noite, saber o que pensavam, a que dedicavam suas vitórias.
Gabriela Rölke, hoje assessora do Procuradoria da República no Espírito Santo, havia sido a segunda colocada na categoria Jornalismo Impresso. A matéria, salvo engano, era sobre o mensalão capixaba. Pedi a entrevista. Ela negou. "- Não é por nada não, mas não gosto de dar entrevistas". Deu as costas e foi curtir a noite.

Até hoje tenho esse DVD (ao fundo, entre os convidados, vejo gente que hoje trabalha comigo, como Geraldo Nascimento, Abdo Filho, Fábio Botacin). É nítido meu nervosismo ao falar, frente a frente, com jornalistas. Eu queria ser um deles. E naquela noite, lembro-me bem de ter prometido a mim mesmo, que em poucos anos subiria ao palco. E vou subir! Ontem, recebi a notícia mais importante da minha trajetória, até aqui: venci o Prêmio Capixaba de Jornalismo, na categoria... rádio!
O mundo dá voltas. Para quem começou a faculdade sem noção do que era uma rádio de notícias, vivi intensos dias de apuração pela CBN Vitória. Aprendi muito, e em julho deste ano, graças à denúncia de uma mãe de aluno, cheguei até a Escola Estadual Marcílio Dias, no município de Vila Velha.
Lá, a direção havia decidido reunir todos os alunos repetentes numa mesma turma. Ficaram todos conhecidos como "a sala dos reprovados". Foram três dias de apuração, de acordar de madrugada para chegar à escola, ouvir alunos, Ministério Público, Secretaria de Educação. Um trabalho minucioso, mas que, sem dúvidas, me encheu de orgulho.

Vou à festa deste ano com intenções renovadas. Dever cumprido, um sonho alcançado. E ainda mais vontade de, agora no jornalísmo político, desvendar histórias, conchavos, entender os meandros das decisões que mudam a vida das pessoas. E, nas matérias em que não houver final feliz, lutar para que haja, no mínimo, um final digno e justo. É do que o mundo mais precisa.