sábado, 3 de setembro de 2011

Os acordes da vida

Se a sua vida pudesse ter uma trilha sonora, qual seria? Qual é o ritmo que te embala ao amanhecer, nas horas de estresse, quando o coração acelera ou, simplesmente, quando você busca o silêncio em si próprio? Acabo de surpreender-me buscando essas respostas, e simplesmente não as possuo.

A vida é feita de muitas músicas, de acordes distoantes, de valsas lentas e baterias ensurdecedoras. De pronto, penso em Montserrat Caballè, que em 1988 emprestou a voz, junto a Freddie Mercury, à memorável "How can I go on?". A música marcou minha infância - esteve no LP "O melhor internacional de novelas" de 1992, um dos primeiros discos de vinil que lembro-me de ter pedido à mamãe. E eu passava horas e horas voltando a agulha do aparelho de som para ouvir aquela voz. Emocionava-me mesmo sem saber o que estavam cantando.

Na adolescência - não adianta mentir -, fui fã ardoroso de Sandy e Junior. Meu coração se partiu em pedaços quando um grande amor foi embora para longe, e a melosa "Turu Turu" parecia traduzir tudo que eu queria dizera. Só depois que ela se mudou para outro Estado que, por carta, admiti tudo que eu sentia e ocultava em amizade. O tempo passou, e com ele, o amor de juventude se transformou em uma das mais bonitas e fortes amizades que tenho até hoje!

Há bem pouco tempo - mais ou menos uns dois anos -, foi a vez de eu ouvir indiscriminadamente o jovem britânico David Archuleta. Mais uma vez, uma paixão, pensamentos disconexos, razão e emoção em conflito. As músicas que tocam nos meus pensamentos variam conforme a fase, conforme o que estou sentindo. Às vezes durmo com MPB e acordo querendo estar numa pista de dança. Estranho!

Na minha playlist recente, entram Adele, Isabela Taviani, Britney Spears, Train, Jorge Vercilo. Na trilha dos momentos em que busco paz cabe até mesmo a singela "Bella's Lullaby", que encontrei numa dessas aventuras pelo Youtube, à procura de sons simples para uma matéria complexa. Fato é que até quando estou em silêncio, recorro à memória das músicas para não me sentir vazio.

Bom, concluo, seria demais exigir que a vida tivesse uma única canção, uma coletânea pré-definida. Afinal, se nem mesmo nossos passos se definem logo que nascemos, porque um só som deveria nos tocar, nos arrebatar? Dia após dia, é bom deixar-se seduzir pelos sons, pelos acordes e vibrações. E, como diria Augusto Cury, "dançar a valsa da vida com as pernas desengessadas". Seja lá o que isso for!

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