Há cinco anos, eu era um estudante universitário cheio de sonhos. Queria olhar nos olhos das pessoas e desvendar as histórias que escondiam. Desejava rodar o mundo, escrever sobre filmes, ir a boas peças de teatro. Não imaginava quanta estrada tinha à frente.
Em setembro de 2006, pisei pela primeira vez no Centro de Convenções de Vitória. Pela "TV Estácio", que na verdade nunca saiu do papel, fui cobrir o 12º Prêmio Capixaba de Jornalismo. Eu, de camisa social, cabelo cuidadosamente penteado, pernas trêmulas e perguntas decoradas. Queria falar com os vencedores daquela noite, saber o que pensavam, a que dedicavam suas vitórias.
Gabriela Rölke, hoje assessora do Procuradoria da República no Espírito Santo, havia sido a segunda colocada na categoria Jornalismo Impresso. A matéria, salvo engano, era sobre o mensalão capixaba. Pedi a entrevista. Ela negou. "- Não é por nada não, mas não gosto de dar entrevistas". Deu as costas e foi curtir a noite.
Entrevistei Suzana Tatagiba, que foi minha professora e é, até hoje, a presidente do Sindicato dos Jornalistas no Espírito Santo. Também falei com a Priscilla Contarini do Carmo, que havia vencido a categoria Radiojornalismo. Naquela época, eu detestava rádio. Pensava, cá com minha consciência, "- Alguém ainda ouve rádio? Que coisa ultrapassada". Ouvi também a Ilda Castro (foto), que até hoje comanda a festa de premiação com a sua Mile4. Entre um depoimento e outro, fechei a matéria.
Até hoje tenho esse DVD (ao fundo, entre os convidados, vejo gente que hoje trabalha comigo, como Geraldo Nascimento, Abdo Filho, Fábio Botacin). É nítido meu nervosismo ao falar, frente a frente, com jornalistas. Eu queria ser um deles. E naquela noite, lembro-me bem de ter prometido a mim mesmo, que em poucos anos subiria ao palco. E vou subir! Ontem, recebi a notícia mais importante da minha trajetória, até aqui: venci o Prêmio Capixaba de Jornalismo, na categoria... rádio!
O mundo dá voltas. Para quem começou a faculdade sem noção do que era uma rádio de notícias, vivi intensos dias de apuração pela CBN Vitória. Aprendi muito, e em julho deste ano, graças à denúncia de uma mãe de aluno, cheguei até a Escola Estadual Marcílio Dias, no município de Vila Velha.
Lá, a direção havia decidido reunir todos os alunos repetentes numa mesma turma. Ficaram todos conhecidos como "a sala dos reprovados". Foram três dias de apuração, de acordar de madrugada para chegar à escola, ouvir alunos, Ministério Público, Secretaria de Educação. Um trabalho minucioso, mas que, sem dúvidas, me encheu de orgulho.
Mesmo antes do prêmio, já havia valido a pena. A história ganhou repercussão nacional, a Secretaria de Educação interveio e desmembrou a turma. O jornalismo cumpriu sua função. Como sonhei um dia, pude olhar nos olhos daqueles alunos e contar as histórias que ali se passavam.
Vou à festa deste ano com intenções renovadas. Dever cumprido, um sonho alcançado. E ainda mais vontade de, agora no jornalísmo político, desvendar histórias, conchavos, entender os meandros das decisões que mudam a vida das pessoas. E, nas matérias em que não houver final feliz, lutar para que haja, no mínimo, um final digno e justo. É do que o mundo mais precisa.
Arrepiei de ler o seu texto!! Dá gosto ver um talento de pessoa tão apaixonado pelo que faz!! Sucesso sempre pra vc!!
ResponderExcluirParabéns meu camarada...
ResponderExcluirMais uma etapa vencida e com brilhantismo!
Você merece!! E tenho certeza que será o primeiro de muitos!
Sds
Meu primo, sou sua fã! Vc merece TUDO E MAIS UM POUCO!
ResponderExcluirEngraçado... não estou conseguindo postar com po perfil CONTA DO GOOGLE. Diz que não tenho permissão! :-P
ResponderExcluir