sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Partidas, chegadas, recomeços

Quando me despedi da redação, em 2009
"Uma pedra. O mar. A ilha. Abri a porta. A lua. O sol. O azul. Fechei a porta" - Não, esta não é a citação de nenhum verso famoso, nada que remeta a Clarice Lispector ou a Caio Fernando Abreu. É só uma piadinha interna que nasceu, meio como quem não quer nada, num desses domingos ensolarados de praia, enquanto eu e um grupo de pessoas queridas falávamos da vida, de pessoas, de partidas e mudanças.

Partidas... ah, elas me partem o coração. Já devo ter dito isso aqui algumas vezes, mas é incômoda demais para mim a sensação de uma despedida. Seja do até breve ao adeus, o que fica é um pequeno nó na garganta e um coração miudinho, miudinho. E hoje, lá na redação de A GAZETA, onde trabalho, foi dia de despedida. Bem... não propriamente uma despedida, e sim uma "passada de bastão". Andréia Lopes, minha chefe, segue outros rumos na empresa e, em seu lugar, assume Elisa Rangel, até então a "número dois" da Política no nosso jornal.

Não vou deixar de ver a Andréia, tampouco mudará meu jeito de fazer jornalismo. A equipe permanece a mesma e tenho ali grandes companheiros, amigos até. Então, cadê a despedida? Bem, talvez poucos saibam, mas a única vez que pedi emprego a alguém, foi à Andréia Lopes. 

Estou na Redação desde 2007, onde cheguei como estagiário da CBN Vitória, comandada, na época, pela querida "chefa" Luciane Ventura. Em 2009, minha trajetória por lá deu uma "pausa", quando findou-se meu contrato de estágio e tive uma rápida passagem (de nove meses) por assessoria de comunicação em uma prefeitura. Não era minha vocação e eu sofria por isso. Foi quando, numa tarde qualquer, mandei uma DM, via Twitter, para Andréia, pedindo: "- Me leva de volta?". Eu não tinha a menor intimidade com ela. Por que ela me daria emprego? Mas eu a admirava. Gostava de seus textos, lia as matérias da equipe que ela comandava e pensava: "- Se for para lidar com políticos, quero estar lá, e não aqui como assessor".

Comemoramos minha vitória em um prêmio, em 2011
Não havia vaga, Andréia não me deu o emprego em 2009, mas meses depois voltei para o hardnews, novamente a convite da Luciane, que me deu a primeira chance como repórter. Aprendi muito. Ganhei prêmio. Vivi coisas magníficas na CBN e isso formou muito do que sou profissionalmente hoje. Mas em 2011 meus olhos brilharam quando Andréia me convidou para ir para o jornal. Bateu ansiedade, frio na barriga, vontade de crescer, de me aprimorar. Me lancei e lá estou.

Andréia foi uma colunista brilhante em seus anos de Praça Oito (onde, aliás, hoje eu atuo como interino, com muito orgulho e felicidade!), e já disse isso a ela, certa vez: uma das primeiras lembranças que tenho de jornal é ver a foto dela no alto da coluna e de Sérgio Egito, seu marido, como titular da coluna Victor Hugo, na editoria de Cidades. Há quantos anos isso aconteceu? Não sei... mas me lembro das fotos.

Andréia foi, nesses 17 meses, um freio de arrumação na minha vida profissional. "- Isso é conduta de repórter de Política?", esbravejava ela, logo no começo, quando eu postava alguma patacoada nas redes sociais (hoje estou fazendo tudo tão direitinho... será?!). Em uma das primeiras pautas que tive, dei uma cochilada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e, no dia seguinte, minha matéria saiu toda errada. Gente, TO-DA errada. O que Andréia fez? Me chamou na mesa dela e, sem alterar a voz, saiu-se com essa: "- O que eu faço com você? Você me fez passar uma vergonha. Isso nunca aconteceu antes nessa equipe. Então, se vire, dê um jeito e eu quero um furo no concorrente amanhã. Mas não estou brigando, tá? É só um toque". Cara... teria sido melhor se ela tivesse brigado!

Do convívio diário, nasceu uma boa amizade
Não tomei só "um toque". Foram vários. E, de toque em toque, de dica em dica, eu fui caminhando para frente, enxergando leads mais fáceis, encontrando fontes, construindo laços, apurando, dando retornos, tendo ideias. Quando surgiu na pauta, pela primeira vez, "fazer a Praça Oito de segunda-feira", por ocasião de uma folga de Radanezi Amorim, o titular da coluna, meu coração disparou. Estaria eu preparado? A Andréia pirou? O que eu vou escrever? Ai meu Deus, tudo isso junto e ao mesmo tempo. Com paciência, ela me explicou, me deu dicas. Só faltou segurar minha mão para que eu desse aquele primeiro passo com alguma certeza, ainda que com a barriga gelada. Depois vieram outras colunas, períodos maiores de interinidade. Peguei gosto pela coisa, mas nunca me distanciei do apoio, das dicas, da orientação dela, que era (e continua sendo!) um grande exemplo pra mim.

Devo a Andréia muito do que conquistei nos últimos tempos. Ela não se restringiu a ser uma chefe metódica e disciplinadora. Foi amiga, foi ouvinte, me deu dicas e "toques" nas horas difíceis da minha vida fora do jornal. É bom que isso fique claro: com a Andréia, tive mais um exemplo concreto de que para ser chefe é preciso mais que saber mandar; é necessário ouvir, tentar equilibrar, sorrir quando houver graça e arquear a sobrancelha na hora em que o bicho pega. Ser chefe é ser gente, no mais amplo sentido que isso tenha.

Um brinde ao recomeço!
Hoje, lá na redação, a equipe se despediu da minha chefe Andréia. Eu, de férias, não participei. Vou deixar para vê-la, no exercício da nova função, quando voltar ao trabalho. Até lá, ela já estará habituada à nova rotina, Elisa, a nova editora, em pleno domínio da cadeira e eu, leve e motivado, para recomeçar as atividades neste 2013. Uma página foi virada. Mais um capítulo vai começar por lá.

Então, que sejam bem-vindas e abençoadas as mudanças. Me despeço da Andréia editora de Política, mas comemoro, vibro, faço festa e me felicito com a Andréia que fez uma verdadeira travessia na minha vida, a quem hoje eu chamo de amiga. Vamos em frente!

Um comentário:

  1. Sem palavras... Marcante sua experiência com Andréia. Peço a Deus para cuidar bem de vocês também. :) Bjo e obrigada pelo carinho. Ótimas férias!

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