quinta-feira, 14 de abril de 2011

Imparcialidade Urgente

Nesta quinta-feira, uma multidão bradou contra o governo do Espírito Santo, nas redes sociais, por causa do encerramento do contrato com o projeto "Vida Urgente", da Fundação Thiago Gonzaga. O programa, há 14 anos, é um dos atores que promovem a conscientização de jovens motoristas sobre os riscos da combinação álcool + direção.

Não desmereço o projeto e reconheço seus méritos, mas me parece estranho que uma organização nacional, do tamanho que é esta, dependa tão somente de recursos públicos. Conforme registrado em matéria do Gazeta Online, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-ES) afirmou que o convênio com a Fundação era da ordem de R$ 1 milhão anuais. Diz o governo, ainda, que "todas as campanhas educativas e programas em curso estão sendo revistos". Isso justificaria a não renovação do contrato, ao término do prazo já estabelecido.

Me pergunto: um milhão de reais por ano não é o suficiente para dar conta das despesas da entidade, ainda mais sendo ela uma árdua defensora do voluntariado? Não entendo de finanças, mas em meu humilde orçamento doméstico, sempre deixo uma "folga" no fim do mês para caso de imprevistos ou pormenores. O "Vida Urgente" teria pecado por este lado, talvez dando como certa uma renovação que não aconteceu? O projeto não tinha um "colchão", como se tem costumado dizer nos bastidores do governo? E os contatos com a iniciativa privada? Ficam algumas perguntas.

Me causou espanto a ampla movimentação em torno da causa durante todo o dia. A começar pelo e-mail propagado pela Fundação Thiago Gonzaga, ao fim da manhã, jogando no colo do governo a responsabilidade pelo encerramento das atividades no Estado. Pior; o tom de verdadeira comoção que internautas imprimiram aos seus tweets, criando, inclusive, a hashtag #FicaVidaUrgenteES, sem ao menos conhecer a versão do Detran-ES.

O órgão estadual, aliás, pecou (a meu ver, óbvio) por só se pronunciar à noite. Poderia ter divulgado sua versão do fato um pouco mais cedo, atenuando a enxurrada de comentários de repúdio. Seria mais esperto e mais "dialogado" - já que a atual gestão gosta tanto de pregar o diálogo como sua principal marca. Outro "pecado" do gabinete foi não aproveitar e dizer que espécie de revisão é essa que está fazendo nos projetos e campanhas educativas. Outros cortes virão?

Mas, como bem lembrou a nota do Detran-ES, o projeto "poderá continuar suas atividades no Espírito Santo a exemplo do que já ocorre em outros Estados do País". Com outras pernas.

Um comentário:

  1. Olá! Sou voluntária do programa, mas não vim discutir. Só explicar alguns questionamentos que você fez.

    Nós não questionamos o fato da não renovação do contrato. É o direito do governo, claro. O grande problema que envolve a questão é a forma como foi feito. Porque em uma reunião anterior não foi passado aos coordenadores sobre o término do contrato, pelo contário, deu-se a entender que tudo continuaria.

    E desde o começo, o governo exigiu exclusividade na parceria. Não abrindo chances para a busca anterior de novos companheiros.

    No último dia do contrato, foi passado que ele não seria renovado. Assim, sem tempo de agir e de mãos atadas não é possível conseguir parceiros tão rapidamente.

    Com relação ao dinheiro, até onde eu sei, o que "sobra" no final da prestação de contas é devolvido ao governo. E o dinheiro é muito bem investido, há toda uma estrutura para receber os voluntários na sede. Além dos estandes em eventos e até as viagens para ações fora da cidade.

    Nathalia

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