
A etiqueta não põe etiqueta. Digo, a marca da camisa que reluz na vitrine do shopping jamais dará ao seu comprador o mesmo brilho, a mesma pompa, se ele também não reluzir por dentro, na hombridade, na humildade, na autocrítica. O homem é o que sente, o que aprende, o que guarda dentro de si. E isso, perdoe-me Deus, não se vê a olho nu. Há pessoas que são de cambraia de linho por fora, mas de chita por dentro. Há crianças que, na mais feliz das idades, sorriem com rostos de pano barato. Por dentro, no entanto, guardam corações de verdadeira seda chinesa, daquelas pintadas a mão.
O pior ser humano é aquele que sobe no pedestal das vaidades, das luzes direcionadas com lâmpadas claras e office design de arquiteto famoso para, no fim, ser comprado por mixaria - mesmo estando em banca de grife. Essas migalhas da compra não necessariamente devem ser interpretadas como dinheiro. Há quem se venda à própria ilusão de "ser importante", à presunção de "sou bom". O ego inflado de um status imaginário que lhe foi conferido pelo bacharelado ou por um cargo de confiança.
E, pobres mortais, enquanto se preocupam com o público que os observa do outro lado da vitrine, se esquecem de olhar para o próprio umbigo. Lá vivem as traças que lhes roem o caráter.
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