Ensina a ciência, amparada pela Organização Mundial da Saúde (OMS): a adolescência, período de transição entre a infância das regalias permitidas e a maturidade das escolhas, se estende dos 10 aos 20 anos de idade. No Brasil, leis tratam como adolescentes indivíduos entre os 12 e os 18 anos. Mas este terceiro milênio parece ter mudado a ordem de algumas fases, e não se assuste se você topar com alguém beirando os 30 anos com comportamento quase infantiloide.
Não falo aqui dos adultos que moram com os pais e ainda são sustentados por mesadas - muito embora ache isso um tanto estranho, confesso. Refiro-me a indivíduos independentes, que ostentam cabelos brancos, um pé-de-galinha ali, outro acolá, mas que se comportam como recém-saídos da 8ª série do Ensino Fundamenta;, cheios de medos, mudanças de humor e comportamento, como se seus hormônios ainda estivessem em fase de ebulição.
Eles querem ser gente grande e bancar decisões e posturas, mas não sabem nem a que vieram ao mundo. Num dia, querem um grande amor. Passadas 24 horas, decidem só buscar sexo fácil. E, se bobear, chegam à manhã seguinte querendo dormir abraçados ao ursinho de pelúcia, com medo do bicho-papão em que se transformara a vida. Eles se dividem entre compromissos profissionais e bares de azaração para "novinhas" e "novinhos", desconsiderando as marcas que trazem na pele - será que têm em casa um espelho turvo?, penso.
Há, por aí, muitas secretárias, professoras, arquitetas, e também engenheiros, jornalistas, administradores e advogados que gostam de jogar na mesa os títulos conquistados mas que, por dentro, carregam um vazio existencial. É clichê, eu sei, mas parece que nos tempos atuais prevalece mesmo a máxima do "ter é melhor que ser". Então, se você tem emprego, roupa de marca, carimbos no passaporte e algumas notas na carteira, não faz diferença comportar-se como um ser que vaga em busca de autoconhecimento; tampouco ser um mendigo em busca de migalhas de afeto e palavras bonitas para ludibriar o ego.
Ah, esses adolescentes tardios... brincando com o passar dos anos como se a vida fosse um eterno recreio colegial. Desculpem-me os árduos defensores do diálogo augustocuryano ou das palavras de conciliação de Içami Tiba, mas acho que para conter a demência de adultos de calças curtas, só há dois remédios: o chá de silêncio ou umas boas palmadas, dadas por pai e mãe. Afinal, ninguém é obrigado a curar birra de criança balzaquiana.
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