Vou começar pelo final: acho a vida real muito mais difícil que a virtual. Vivemos numa época em que substiuem-se sorrisos por "curtidas", abraços por "cutucadas", raivas, angústias e brigas por um simples "delete". Ficou tão mais fácil e simples ser um tamagushi, vivendo de bits e bytes. Pra que respirar e ter sentimentos?!
Sou adepto total dessas bugingangas virtuais. Comecei com o extinto mIRC, onde você entrava em salas temáticas, com tela cinza e apelidos engraçados. Estávamos no início dos anos 2000, o computador quanto maior, mais potente, e nas salas todos se conheciam por nicknames. Em Colatina, onde eu morava, havia até "mIRCONTROS" na sorveteria da Avenida Getúlio Vargas. Eu era }|VoLcAnO|{ (que apelido tosco!) e, como já apresentava tendência a substituir o real pelo virtual, não queria saber da cara dos colegas de bate-papo. Nunca comparecia.
Sou adepto total dessas bugingangas virtuais. Comecei com o extinto mIRC, onde você entrava em salas temáticas, com tela cinza e apelidos engraçados. Estávamos no início dos anos 2000, o computador quanto maior, mais potente, e nas salas todos se conheciam por nicknames. Em Colatina, onde eu morava, havia até "mIRCONTROS" na sorveteria da Avenida Getúlio Vargas. Eu era }|VoLcAnO|{ (que apelido tosco!) e, como já apresentava tendência a substituir o real pelo virtual, não queria saber da cara dos colegas de bate-papo. Nunca comparecia.
Veio o ICQ. Aquele "owow" característico das mensagens escritas, a possibilidade de ver, em tempo real, a digitação de quem estava do outro lado da tela. Que tempo bom! A cada atualização do programa, ficava fascinado com as novidades, com os recursos. No ICQ, podíamos escolher a cor das letras e havia bonequinhos representando sorrisos, lágrimas, felicidade e raiva... que evolução!
Pelos idos de 2003 ou 2004, veio o MSN. Demorei a me render ao programa de mensagens instantâneas, mas não demorou. Ali, pela primeira vez, eu conseguia ver o rosto dos meus colegas em avatares ao lado direito da tela. Antes, passava meses conversando com alguém sem nem saber como era, só na imaginação (nem câmera digital existia, notem!). E, atire a primeira pedra quem nunca passou por isso: caía sempre naquela de "como vc é", "qual sua altura", "qts anos"... vida de principiante num ambiente rudimentar.
A vida on-line progrediu. Fotolog, Orkut, Twitter, Facebook... aproveitei cada uma dessas "modinhas". Não bastava, a internet chegou ao celular e, admito, vivo grudado ao meu, a ponto de ter criado a mania de só andar de ônibus conferindo redes sociais. E quando a bateria do aparelho se esgota, fico sem ter onde por as mãos, como se me faltasse um membro. Vício!
Por tudo isso, posso dizer: nem sempre as pessoas legais em 140 caracteres são realmente legais. Amigos se constroem à distância, é claro, mas é no olho no olho que se revela o caráter. É no bate-papo gostoso na mesa do bar que se soltam gargalhadas - e não meros hahahah ou kkkk -, é no abraço da chegada que você se sente realmente "curtido", querido e acolhido.
A vida real é tão mais difícil. Temos que lidar com pele oleosa (já que Deus não nos permitiu o Photoshop 24 horas), é preciso murchar a barriga para não parecer acima do peso, às vezes é preciso contar até dez para não "fechar a janelinha" de uma conversa desagradável. No mundo de verdade, as pessoas têm aroma, hálito, cabelo fora do lugar, espinha, acne e roupa com marca de suor após o expediente.
Resumir o dia em poucos toques é viciante. Mas não há prazer melhor que deitar a cabeça no travesseiro e rir, consigo próprio, das situações vividas no mundo dos incômodos, infortúnios, paixões e conquistas que vibram nas ruas. Acho a vida real muito mais complexa, pode ser. Mas até para isso há aprendizado: é possível dar um F5 nas situações pesadas e mal formatadas e seguir para as próximas páginas.
Muito legal, Fachettti. Uma bela mensagem! Parabéns pelo post. Abraço.
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